(Este
texto é para todos os cristãos protestantes, especialmente para os
presbiterianos)
De onde viemos e para onde vamos?
Essa pergunta não diz respeito somente à nossa origem conquanto seres vivos e
pensantes. Ela também aplica-se à questão da nossa confessionalidade.
Essa palavra (confessionalidade) que
originariamente veio do meio acadêmico, aos poucos está se tornando mais e mais
conhecida e empregada em nosso dia a dia, especialmente nas questões da nossa
fé. Daí daremos o enfoque a esta palavra no nosso contexto presbiteriano, e
falaremos aqui sobre a “confessionalidade presbiteriana”.
Vejamos primeiramente:
I – A essência da nossa
confessionalidade
Olhando para as nossas origens
destacamos que a nossa confessionalidade é: puritana, confessional e reformada
(e tudo isso e sinônimo de “bíblico”).
A Igreja Presbiteriana em seu
nascedouro é puritana. Os puritanos ingleses do século XVI eram homens piedosos
que buscavam uma igreja pura, que não fosse influenciada e dominada pelo
Estado. Para isso tiveram de lutar contra os vestígios remanescentes do
catolicismo romano e expurgar do ministério e do meio da congregação todos
aqueles que se comportassem como incrédulos e ímpios. Daí receberam o nome de
“puritanos”. Não deveríamos nos esquivar dessa identificação, ainda que em
nossos dias ela tenha uma conotação pejorativa da parte dos ímpios. Deus nos
chama à pureza, e o crente deve amar a pureza que Cristo lhe conquistou na
cruz.
Foram esses homens que produziram a
Confissão de Fé de Westminster, os Catecismos Maior e Breve e um Diretório de
Culto para instrução da Igreja na Assembleia que foi convocada em 12 de junho
de 1643, em Londres. Muitas igrejas de confissão reformada adotaram esses
Símbolos de Fé, inclusive a nossa amada IPB.
Por séculos as igrejas reformadas que
adotaram esses Símbolos de Fé prevaleceram enquanto tantos modismos e pragmatismos
devastaram outras denominações. Estes Símbolos de Fé são instrumentos de “fiel
exposição das Escrituras Sagradas”. Não visam substituí-las, mas, sim,
conduzir-nos no estudo e aplicação das Escrituras Sagradas ao nosso coração.
II – Resgatando a confessionalidade
“Mas, pastor, lá vem o senhor com
doutrina de novo! Nós precisamos de ensinamentos que sejam atuais, que nos
ajudem a enfrentar as questões do nosso cotidiano!”. Quase todos
(senão todos) pastores que são zelosos pelo ensino e pregação doutrinária já
ouviram esse tipo de comentário; e provavelmente, sucumbiram a ele.
É muito comum encontrarmos pastores
que evitam ensinamento doutrinário nas igrejas, preferindo assuntos “do dia a
dia”. Mas, queridos irmãos e colegas de ministério, definitivamente, esta não é
a hora de cedermos a esses comentários. A Igreja de Cristo deve ser alimentada
com a Sã Doutrina da Palavra de Deus. Não devemos ter medo de nos debruçarmos
sobre esses assuntos, de transformá-los em algo prático (essa é a função
daqueles que ensinam) para que as nossas Igrejas entendam que somente a Sã
Doutrina sustentará seus corações quando as tribulações, provações e ataques
vierem sobre nós.
Neste sentido, os nossos Símbolos de
Fé são ferramentas imprescindíveis. Eles são riquíssimos, profundos e refletem
com segurança o que a Palavra de Deus ensina. Por isso, faz-se necessário que
os estudemos em nossas Escolas Dominicais, nos Estudos Bíblicos durante a
semana, ou em outras reuniões da Igreja. Nós pregadores devemos saturar nossas
exposições bíblicas citando trechos ou perguntas dos Símbolos de Fé
explicando-os; devemos despertar a curiosidade das nossas ovelhas para
conhecê-los, e, assim, amá-los. Devemos incentivar nossas crianças a
memorizarem o Breve Catecismo, e os adultos, o Catecismo Maior, tal como era
feito nas Escolas Dominicais, quando os professores davam a “tarefa da semana”
que era a memorização de uma ou duas perguntas.
III – A importância da
confessionalidade
A confessionalidade de uma igreja
está diretamente ligada à sua estabilidade e crescimento. Alguém disse que as
igrejas de hoje dão muita atenção à porta da frente, mas, pouca à porta dos
fundos, ou seja, estão ansiosas para ver mais e mais pessoas entrarem na
igreja, mas, não se preocupam em mantê-las. Daí tais igrejas serem comparadas a
rodoviárias, pois, estão sempre cheias de pessoas, mas, a rotatividade destas
faz com elas não permaneçam nas igrejas.
As nossas Igrejas que estão se
empenhando para resgatar a nossa confessionalidade e identidade bíblica e
reformada estão experimentando um crescimento consistente e constante; estão
vendo pessoas entrando e permanecendo porque encontraram alimento real para os
seus corações. Em dias como os nossos em que o descartável é a característica
dos objetos, relacionamentos e das “programações” das igrejas, aqueles que
bebem da Sã Doutrina e nela deleitam-se não saem atrás de “ventos de
doutrinas”. Crentes que são alimentados com a Palavra de Deus e com pregação e
ensino que refletem a autoridade da Palavra jamais se satisfarão com eventos e
métodos carnais.
Numa época em que a identidade de
tudo e de todos está sendo não só questionada, mas, desconstruída, nós,
presbiterianos reformados e confessionais devemos ser firmes e zelosos pela
Palavra de Deus. Ele sabe recompensar os fiéis, “Porque Deus não é injusto para
ficar esquecido do vosso trabalho e do amor que evidenciastes para com o seu
nome, pois servistes e ainda servis aos santos” (Hb 6.10).
Rev. Olivar Alves Pereira
Excelente texto Rev.Olivar Alves Pereira.
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